sexta-feira, 31 de julho de 2009

Voo quase eu...

Não se pode saber sentimento solto em voo revolto de asa consumada sem ar em escada dos dedos da gente, olhando penitente o risco do vento rasgando o céu: véu do mundo defunto! Ainda me caso com você, mundo dos outros, para ser pros outros um pouco mais de você!

Os dedos se abrem numa liberdade destraída de pedra caindo fatídica em asa de terra parada e, no alto do céu segue o véu das estradas do mundo onde asa é, no fundo, o fundo avesso do não ser asa, o raso rasgo de espada que corta o céu! Abissal sou eu que não vejo teus cabelos amanhecendo céu vermelho em bruma incoerente, fazendo minha alma alada de serpente umidecer-se de não ir e ficando em si: fria pedra de górgona espiã, gárgula vã de garganta parada vendo seu nome vazar por dentro de mim e encher-se de mim inteiro!

Quando você é mais minha, transbordo de você, e sem não vejo mais ser eu por entre meus dedos, debatendo as asas de palavra para sair e dizer querer em toda conjugação possível, em conjunção incrível do distante não ter! Então, o não me toma de assalto e, de mãos postas ao alto, resolvo não correr mais de minhas mãos!

Eduardo Martins

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Confissão!

Não é fácil saber tão rápido a solidez rude e falsa das valsas dos amores antigos de brios e respeitos guardados no peito da gente certa, cheia de cautelas, que têm a carne como sela de si!Se lá na sela não há mais nada que não você, para que trancar-se ?

Coisa de perdão de Deus para Deus: sonhos de flagelos eternos na carne dos homens, coberta pela assexualidade de padres podres de serem gente fingindo gente ser podridão dos padres, dos senhores engravatados carregando bíblias, das brigas vencidas com o diabo inexistente dormindo dormente nas entranhas estranhas das manhas de crianças chorosas, de pessoas idosas que já depuseram Deus que partiu dormindo e seguiu seguindo a crença dos filhos seus, os fariseus da realidade que resmungam boa vontade e secam lágrimas nas barbas esquálidas de Deus!

Não admito não ter fúria de florete antigo e obsoleto em mão de Montecchio traidor quando acho que amor é uma paixão revista, disposta e imprevista de continuar a sangrar-se em dor por um longo tempo, até erguer-se como frumento para a boca dos senhores de si, que, se agora ris, nunca os viu brilhando sozinhos em loucura alevina dos deuses de beira de altar velho, coberto de poeira , falando besteiras com ares gentis de mulheres compradas por fé nas escadas do mundo de triz último a arrebentar-se pelo dente firme, mordendo sublime feito mármore o fim de sepultura em santa figura de fio de velo sagrado dependurado no céu frio!

Se hoje então, pêra e bigode na fronte, corajoso soldado de fronte, em bandeira firme e metálica mato o almado sangue destes fins de fatos internos em gritos eternos nos palcos do bardo barbudo de tempo desnudo em pena de tinta desalmada: discurso de curso de alma interna na voz fraterna da taberna de outra alma! A carne, Bocage, a carne, tu cantas melhor que eu nestas palavras de garganta portuguesa, com a vencida certeza da pureza dos amados filhos do satírico Zeus!

Confesso, ter uma paixão nova e piegas, dos cancioneiros bregas em bordas de portas, em sacadas de casa de outra família não inimiga, mas confesso por amor a verdade dos palcos, que as vezes descarto, para não mofar-se em mim! Estas brigas de mim mesmo têm mais governança de sonho frívolo que bardo esquivo em letras claras e truncadas no inglês das madrugadas dramatúrgicas dos teus pontifícios: república dos patrícios do tempo mundo inteiro!

Para mim tudo é janeiro amanhecido nos olhos dela de novo mundo e, penso estar, certo, não tenho nada mais que o acesso a minhas esperanças patéticas de umas trovas poéticas dos meus escritores defuntos, companheiros aduncos das dobras leves das vogais: grito cais do mundo: soante profundo:consoante de mim: enfim, o fim:

Amanhã escorrem por mim os vinhos doces de promessa em manhã depois da noite de verão de Goodfeallow existente em correria atrás da Hécate corredora e tríplice que nega ser pontíficie destas coisas que os homens criam para negar que, se vadiam, o fazem por alma e não pela bizarra calma dos demônios aflitos em tumbas descritos descansando as mãos em poços fundos: o mundo do bardo é sempre o mundo!

Eduardo Martins

Primeiras expressões...

Escadarias: queda de pedras dia abaixo, abaixo dos meus pés sujos de pedra de estar-se parado muito em si como pedra mirante olhando o horizonte fonte de tudo o que olha parado e nu sobre o céu das intempéries temperos do mundo, sob o céu eterno de mar solar... Florece no teu ombro coisa mais doce que pedra bruta e initerrupta de solicitude dos autos repitidos sob os palcos do teatro...

Não minto as vistas dilatadas fingindo de calmas, subindo as escadas de mim para mergulhar-me profundo passarinhando o mundo dos seus olhos rindo na outra lateral da mesa! Esquerdo à minha poesia nasce sempre um dia em que frente aos outros eu olho tenso com olhar de homem lento sob as óperas da vida, mais corretas e efusivas que as eternas vogais de vozes presas nas óperas de duvidosas belezas das salas de óperas.

Pensei não pensar mais, mas foi impossível, embate-me uma certa sensibilidade insensível rolando louca boca afora em palaavra solta que apavora a palavra presa aos papéis perdidos pelo chão da casa, meu restelo sem asa frente ao mar do mundo! Há na superfície algo mais profundo que o lodo abissal, tingindo o mundo de sagrado sal dos fins de dia á beira de bilheteria do próximo dia!

Pintaria de vermelho alicerce as rosas sofridas em ferimentos de mundo para ver que seus cabelos são sangue de rosas perdidas no mundo de mangue erguido de vida para o fim da vida toda! Toda sempre é gravata de pretérito decomposto! Desposo teus cabelos em vermelho derradeiro esculpido em vento deitado em velas de mares inteiros, em veleiros de fogo destinados aos olhos das antigas igrejas e ventres de casas escuras sem ter a pele branca acesa dos dias das bilheterias do mundo!

Bebendo de um gole só o memomento: as coisas parecem mais justificáveis em brotar teimoso de esperança quase infantil esverdeada! Penso em você da sacada de mim mesmo: atiro-me a esmo para dentro dos seus olhos!

Eduardo Martins

domingo, 26 de julho de 2009

Queda de arlequim!

Dos telhados, um gosto arlequinal pela poesia do choro dos outros nublados, no céu, no mar evaporado inteiro, sobre os cabelos seus acariando meu peito cheio de mar arlequinal trapeziado no céu de agosto com gosto de céu de anil deposto pelo gosto amargo do Rio afogado em tempestade de mar aberto, certo de ser mar amar apenas as ondas pequenas sussurrando nos seus cabelos, transformando meu peito inteiro em mar extremo, mar de remo de tubarões perdidos, tritões vencidos pelo mar dos seus cabelos chovendo tempestades, de incertas verdades que são vagas, nas vagas sem pragas do mar!

Amei-te duas gotas chovendo dos meus olhos de arlequim e chorei a mim mesmo!

Eduardo Martins

Vermelho: a cor upta. Um desfalecimento improvável, um cisne que não canta por agora não, o córrego vivo serpenteado cristalindamente glub-glubeando cenário abaixo. Girassóis sozinhos sob a nuvem cinza, redondamente enganados na vida. A cor escorre correndo pelas cortinas, corta inesperada o coração do cervo. A maçã do peito pra fora do peito pula, serpente está longe, a arte matou o inocente. Anti arte ária éria marte artéria anti-artéria.

Um susto interrompe. Revoada súbita, flap-flap-flapeações muitas preenchendo cavernas e copas de árvores. O sono está morto, o cervo está morto, o rastro é silêncio.

O jardim esconde a rosa sob seu nome próprio. Medo dos julga-mentes e das sen tensas. Manchado o nome de vermelho a noite se pinta cancela o luto refulge septânicamenteadora sobre as cenas. Vermelho aceso na noite, sangue feito foto de relâmpago, procissão mudanônima que não sai de casa. Tic-tac lento, tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiic-taaaaaaaaaaaaaaaaaac leeeeeeeeeeeeeeeeento, o relógio é mentira e não há tic-tac.

Morrem as linhas inúteis mundanescas com flores traídas, rio que afoga almas serenas, lotta lotta love e cai a estrela pesada sequer boiando. A cor upta ao redor dos olhos, em toda a língua, dentro das unhas. Girassóis parados, murchos, vítimas próximas das criaturas inomináveis.

Dia sem horas, cem horas depois, não há fim não há início.


Brayan Carvalho

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Al(mar)

Antes que água salgado dos teus poros inunde as minhas costelas, minhas mãos e pernas, minha alma por fim, afogando-se louca e sorrindo, no mar de absinto da sua alma, talvez, um eu incerto grite por ajuda como pássaro independente em céu pendente ao mar você!

Homem, almar! Ordeno, mas o mar mudo e obsceno ri-se sarcástico de ser eu naufrágio em seu corpo quente e frágil: colosso vítreo de fim de mundo razoável sem fim! Sei mais de mim quando te mapeio firmamento perdido em meus olhos mareados de mim escorrendo em lágrima com o direito salgado de ser navegada, descendo em meu rosto sem leme ou proa que navegue em boa água de tormenta morta, imitando queda de tempestade proposta pela queda suposta por entre o ar salobre, em palavra: obscuro arremate de cobre puro impedindo os momentos correrem em ventos sorrateiros, estreitos, serpentes de mim.

Escreveria você inteira sobre sua pele para saber como se fere a alma içada em madrugada vadia: poesia amada e almada de tempo.

Homem, almar: no mar só sobra o mar e eu!

Eduardo Martins

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ad(mito)...

Não se corre assim entre todas as tuas negativas de olhos baixos com a mesma liberdade de pássaro fugido há pouco, de si, de cárcere, de ombro de mártir em cruz sobreposto onde pássaro pousado é guerreiro prostrado em corpo emplumado na cruz sobreposto por outros desejos de deuses em relevos de pássaros mortos.

A verdade é que querer amarra as asas em asas quebradas de gente de olhos baixos, cheios de negativas em certezas ungidas sobre corpos de pássaros mortos, destruídos e ilógicos em fim de lógico de voo, final de apoio justificado aos ares exaltados dos certos de tudo, dos corretos, dos modos enxutos de sangue de pássaro com osso de vento correndo humano o céu nevoento de certas negativas, emplumadas e feridas.

:A verdade é: em seus olhos mais clara: é a verdade: é:

Não se corre assim sobre corpos de sereias mortas, não mudas, estiradas em restelo de janeiros repetidos, de finais oprimidos em haver final apenas neste canto de sereias invejando suas pernas em indescente adultério do existir etéreo apodrecendo nas praias, em bicos de garças e gralhas no finado restelo de todos os janeiros, assombrado e mudo pelo existir profundo de estar-se sempre.

Eduardo Martins

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Há mares

Não vejo mais pessoas na beira da escada olhando nos céus você asteada em luz de entrada de dia absinto, em rigor de traje sucinto por ser apenas motivo de tudo ser cerimônia de alta classe em auto de si mesma forjado em torpor absurdo de crítico surdo olhando a acústica rústica de um vitral!

Não desconsiderem um poeta: corre solto sobre passos embriagados das paredes que separam os estados da mente aguçada do bom economista, do advogado, do autodidata nascido sabendo em presunção obscena de homem lógico, por sobre ponteiro de relógio de estudo de tempo, de explicar firmamento escorregando em chuva de fim de dia. Não desconsiderem estes pobres que bebem a goles o mundo inteiro porque não sabem ser inteiros contidos em corpo nascido para futuro defunto.

Não sei mais se vivo sem cúmulos de ter-te chovendo em minha pele inteira, em toda beira de mim mesmo, para ver se vejo que por mim a água passa, angelical, caída e escassa quando vê que nada nela se pretende mais que estrela luzente expulsa da regra alta do paraíso, pros males dos soltícios do tempo ou para outro mares: Há mares que, se amares, não perdem-se de todos como salobros pecados ao fim!

Há mares salobros de queda fria em agonia de estrela caída em fim de dia, na chuva vésper, lavando as escadarias douradas do alto das torres gagas em repetir eternas amares e guerras de velhos tempos com o firmamento como testemunha que escorre para alcunha de mares em haver de corrente de lágrima que não sente a queda que a envereda em pura sede de garganta náufraga de paraíso divino, bebendo em desatino o sal destas águas que brotam em suores da sua pele, que enxáguam e ferem meus olhos para virarem-se em lágrimas de páginas de mares subalternos de poetas de mares onde há mares além...

Eduardo Martins

sábado, 18 de julho de 2009

Valete, Dama, Rei

Não mais quis perder o rosto nos rostos vazios de si na vida das ruas unidas, das avenidas verdadeiras de marchas firmes e rotas de outras marchas, afogadas à força nas chuvas de março, repetidas assassinas sem tempo, sem álibi para não estarem suicidas e chorosas viúvas de rosas amarradas ao chão sem ventos.

Abençoado Rei de Espadas, das cruzadas de mim mesmo, não o sei mais se vejo minha glória desposada por sua derrota em queda fria de guerra morta nos meus braços e eu, de braços dados com a intocada rainha, sabendo ser minha a guerra apenas: filha morta sem padrinhos, caindo em sono surdo de coma induzida pelos dias sem vida das mortes sãs!

Não foram passos afogados que pisaram em mim para entregarem meu brasão encarnado por entre as costelas, por entre sequelas em vigília armada para guardarem-me de mim. Foi a mão firme da tua virgem coroada e nua, jorrando da boca um março afogado pelas minhas veias de sereias goles, bebendo disformes as paredes de meu sangue, por entre março passado, aguado de tempo.

Cobriu-me um firmamento vestido de queda de anjo perdido em bramido de Deus. No chão um vento estranho caiu à procura de luzes elétricas sozinhas em pontas de ruas santas e crucificadas , não sobraram mais cantos de vozes femininas para queimar em parafinas os próprios cabelos, os desesperos de sereias nuas, caídas nas ruas, arruinadas de desejo, sem respiração de chuva, sem comer as uvas de Deus bramido na boca absorta em asas de anjos caídos nos punhais da Casa Real de Espadas: proteção das estradas de um março perdido em contagotas de dias caídos entre as minhas costelas.

Eduardo Martins

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Lirismo de fim de dia-a-dia

Decidi lançar-me aos leões do mundo que lambiam-me as mãos dedicados, para ser apenas deles o alimento lançado pelos imperadores queimados nas lágrimas de suas viúvas de olhos rasos, rasurados de dias passados em dias mais claros dos outros tempos oxidados em seus olhos já cegos pelos olhos de seus imperadores.

Ser eu apenas nas bocas roucas dos leões queimados pelas lágrimas de uma noite com um resto de lirismo enfático e calado, poético, trepado em saltos altos, em um camarote no alto de mim, assistindo o sem fim de mim mesmo que outros disseram e contaram entre os meus cadáveres queimados nas bocas de fogo chorado das feras. O número de guerras pela posse de mim em minha coroa lavada dos olhos razos da minha imperatriz perdida em malas de gente sofrida andando nas lambidas do fogo pelas ruas de feras domadas em esfera de ex-feras encerradas, brilhando queimadas pra morte da noite sem fim!

Chorar um dia é uma grande saudade vazando em passagem por dentro de si. Se eu tivesse, e não tenho, um pouco de lirismo de águas salgadas choraria o canto estranho das arenas onde minhas mãos largadas recebem perdidas as lambidas de leões medrosos, de deusas honrosas das labaredas de mim, dedicaria a ti: musa apenas da minha queda fingida de pássaro morto, absorto em flâmulas, em antigas tâmaras de ouro puro parido pelas ruas incendiodiárias de engolirem-se a si em suor de águas salgadas de lirismos estradas que não levam a mim!

Eduardo (Mar)tins

terça-feira, 14 de julho de 2009

Bordas

Quando toco as pontas dos pés nos olhos frios, os olhos fios de uma alma enforcada e tendenciosa, estremeço todo minha proximidade escorrida pela pele molhada antes por água salobra transbordada da forca de mim em mim dependurada.

:estranha-se a si mesmo todo dia ao acordar e voltar a si depois de ser outro voltado a si quando estava na pele do mundo defunto em mim mesmo: Não sou mais primeira pessoa de mim, sou antes segunda denunciada e trancafiada dentro de si: é o não eu definido em eu apenas.

Eu : agora : nunca : apenas : eu

Megulhado en(m)fim nos olhos, agarro-me à borda, aborda-me o mundo e a borda do profundo mundo sou eu agarrado na borda dos olhos do mundo tendencioso em eussendo, afogo-me pendende na borda!


Eduardo Martins

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Logo:

Eu: Nada.
Você: O que é?
Eu: Não sei.
Você: Sabe que eu também?
Eu: Tô cansado de repetir infinitesimalmente a mesma operação.
Você: Será que tá me ouvindo?
Eu: Não sei até onde vamos agora chegamos.
Você: Tentando me salvar?
Eu: Vou dizer que você não sabe que eu disse isso.
Você: Pergunta como terminar.
Eu: Secando as mãos depois de lavá-las antes de comer.
Você: Alheia a tudo, perdida sem sair do lugar.
Eu: Poema?
Você: Se tem verso, então...
Eu: Qual a frente?
Você: A gente?
Eu: Não.
Você: Muda de assunto.
Eu: Vou tentar com.
Você: Ajuda?
Eu: Queria.
Você: A minha?
Eu: Sempre.
Você: Mas e agora?
Eu: Deixa.
Você: Vai embora.
Eu: Fica.
Você: Não sabe.
Eu: Sei.
Você: Faz silêncio.
Eu:
Você:
Eu: Tá bom?
Você:
Eu: Você?
Você:
Eu:
Você: Sabe?
Eu: Não.
Você:
Eu: Sabe?
Você: Sim.
Eu: Chega, né?
Você: Começa daqui.



Brayan Carvalho

domingo, 12 de julho de 2009

Caixa (Ser)nica

Será que ainda me vejo naquela penumbra vazia dos cantos dos holofotes vermelhos do sangue dos homens mortos nos corpos dos atores andando descalços de provas de serem eles apenas gente que guarda o sangue de gente viva sempre no sangue repetido da gente dos palcos?

Não sei, ando muito calcificado em ossos meus apenas, sem juras, sem ser duvidoso em não ser impossível. É mais íngreme pisar o solo de si, pular o vão (tão nós) das costelas sem o sabor sórdido dos ossos dos outros, arquitetônicos e iguais, de cantos segredados, segregados dos olhos de fora.

Sei-me demais para me negar e para fugir de mim, já que sempre me encontro no mesmo lugar euparadoemim.

Ainda ando em passos vazios nos passos dos meus espaços com outros passos que não são meus com um laço vil de mim comigo, apertado, rompendo e possível de ser apenas um traste no chão dos palcos vazios onde vejo morrer homens de sangue sempre fora das veias do sangue dos outros homens que saem dos palcos para serem o mesmo impensado mesmo de sempre.

Choro na platéia minha impossibilidade de matar-me um pouco!


Eduardo Martins

sábado, 11 de julho de 2009

Meia (noite) 7/8

Meia-noite, ainda meia, porque se é noite inteira está completa a manhã, amanhã verdeiro que, com noite na beira, segue afora vão e derradeiro da noite, que no copo era meia dose de dia e cheia seria hora de noite inteira, derradeira, suspirante, mas sã!

Meia-noite calçada nas pernas de minhas mulheres com 7/8 de sonhos completos, mas meus: vermelhos e obscenos , largados em queda de escada na escalada para sacadas dos sonhos de minhas mulheres não minhas, minhasmulheresninguénsdetodos!

Fico indeciso de ser eu quando vejo as lágrimas caindo, serenando o mundo de escuro profundo, dos olhos das mulheres nas ruas, das mulheres nuas de folhetins vazios, de desejos gentios, de gentis quereres delas de serem elas para outros como eu: outros euminguémdetodos, outros sucessos medalhistas pendurados nos pescoços nus das mulheres pregadas em paredes de rígido ser vestido de ter um não coroado!

Quando acordo das sacadas, sacadas as armas da cintura delas, todas elas caídas no chão do meu quarto, sou apenas eu sem saber quem sou! Olho nos espelho assustado por ver-me gente e saber ser eu gente que dormiu comigo e deixou cheiro nos meus lençóis, pele na minha pele. Sou pessoa encubada no meu hálito de estrada perdida no escuro do céu da boca, na garganta iludida e sem palavras de gente, muda de gente de verdade!


Eduardo Martins

Crônica do homem de repente

Num clique ele pediu "fique" e ela esticou os braços para além onde ninguém estava. Lava quente de vulcão era sua mão rente ao rosto dela, nunca aprendendo a ser o que se espera. Era fome de alma, longe do corpo, hirto na falsa calma de alguém que está além dos outros. Poucos segundos bastavam para ela, chuva de Cinderelas brancas como neve leves como pluma uma a uma caindo alegremente pois as fadas estão ausentes.

Afogando mágoas de águas passadas em montanhas que conheceram Maomé, ele ficou de pé e ali pensou em agir final-felizmente mostrando dentes amarelos pro mundo inteiro, que num segundo e meio o reconhecia como aquele que não sabia sorrir tampouco fazer. Verdade é que ele não conhecia nada além de tudo, e mudo só lhe restava indefinir-se como disse ela à sua frente parada entediada com o impasse não-passante.

Stop: estopim aceso.
Decisão de todos esses: hão.

Queria ele chorar mas não sabia o que fazer depois de a lágrima rolar e cristalina resplandecer descendo rosto afora indo embora da sua vida caindo finita tocando o chão oh não tragédia demais pra este pobre rapaz que só quer ficar com ela, sem prazo sem parcela, só quer estar com ela e fazer do repente uma constante. Chove sem aviso no meio da rua a amada nua fria num deslize cai sozinha sem ter quem a segure agora ele foi embora indeciso pensativo cabisbaixo reticente: o homem de repente.



Brayan Carvalho

Cabeceira

O Lord, as pessoas morrerão de identificação imediata com a história do homem da bala de prata que, baleado, foi perseguido e depois executado sem saber o porquê. O Lord, as pessoas vão querer uma parte de seu corpo pra colocar de souvenir, vão querer exibir, mergulhar num copo e com formol conservar o mártir que, morto, só faz parte da ideia. O Lord, essa história já é tão velha que de rugas e problemas é maior que as dores e penas sentidas em nome desse homem que, vivo, não passou de um exemplo: gene recessivo. O Lord, as pessoas estão cansadas de ouvir a mesma ladainha, todas elas mesquinhas querem torcer o fígado e anestesiar a ignorância, as pessoas leem como quem está de cama, a história dele não chama a atenção - mas todo mundo o ama.

O Lord quem é este isto cisco no meu olho?
Lhama mascando minha parte boa assim leviana?



Brayan Carvalho

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pernilongo

Nas quinas escuras dos bairros estão amarelas e trêmulas memórias escondidas dos homens das praças e esquinas, debruçados nos muros ou sentados nos bancos de cimento duro como os rostos dos homens fazendo cimento para vestir os muros das paredes do bairro, e prender lembranças, e esconder os carros, as antigas árvores, os prédios tombados por memória, eternos de glória tombada ao chão.



História: consoante muda, miúda e bem enfeitada por cortes de veludo europeu desarrumado por penilongos de mangues pútridos, esses nascedouros, dos vindouros futuros de esquinas de homens parados com caras fechadas por cimento duro, concretos e obscuros, no claro das paredes dos prédios caros, erguidos e solitários, vidrados em cimento duro do rosto dos homensdeumsódestinolargado.



Marcham metrificados em procissão de revolta, humanidade que volta sem ser menos roedor de extremos de si para ser menos roedor, e, depois, acalmam, dormem, abrandam, afanam heroicos um perdão contratado por um pouco de barulho.



A justiça é cega pelos dedos dos homens de pouca cegueira de ser o resto. As memórias sussurram nos cantos obscuros dos jornais de domingo do ano passado, nas represas de reprises, escondidas con cantos obscuros do nascedouro de (indi)gentes apoiados pelos muros bêbados, de pedra pura, sem arremate metódico de memórias deles.

Eduardo Martins

Telha do(i)s

Se ela ainda andasse nua pelos telhados das minhas casas construídas, cenográficas, perdidas, pornográficas, caladas nas ruas dormentes de sempre ser ruas, carregadas de gentes correndo em horas mortas, revivas, repostas em um mesmo lugar das ruas, das casas nuas em meus telhados de horas mortas, revivas e postas nela nua, resposta reposta para as fatias de horas mortas que chamamos de dias.

S(´)e(ria) a verdade das coisas de hoje, dependuradas nela, sempre razoáveis e vazias à luz de um dia velado por dias passados, repetidos e gratos de ser novo dia, de útero esquife perdido na terra da guerra ganha dos tempos sem ela, janela dos tempos: meus olhos nos dela.

Partiu um dia, o dia inteiro, em pedaços idos, findos, perdidos em passos de pés amputados que levam urna sagrada da vida sangrada dos dias dela. Sem ela há dias senis e mudos, encostados em canto de paredes de casas que nos telhados têm ela nua, rua dos dias de outros dias mais heroicos de passos dela nua nas ruas dos dias em telhados de casas perdidas.

Corajosa, bailarina pisante de arranhacéus: pernas viventes de mundo defunto de plano de vida perdida na ferida de dia partido em alarido breve dos leves suspiros de outros dias sem ela.

É certo que: cada passo balaço de chuva na tela de telhas dantescas do alto do mundo

Seria você: Um sopro de livros, assassino vencido, suspirando e empurrando os tijolos dos muros

E: certa de ser você nas mãos abraçadas nas minhas mãos frias

Correria: vadia canoagem de pele plumagem de ave perdida

Até o telhado: Tablado do dia



Eduardo Martins

Cinemacidental

De vagar devagar, virou fantasma.
Assim, sem menos nem mais ou menos nem mais. História pouca, vida parca. Passou despercebido, sequer foi ouvido como pernilongo-vampiro à noite à espreita à meia-luz à meia-noite. Hora dramática, vertiginosa, clímax sem gozo dele porque o rolo de filme acabou na sala de projeção e ainda muito faltava para saber quem era o assassino. Mas era o mordomo, dono do mundo. Háh! Parecia piada.

Fantasmizado, decidiu ir contra todas as paredes. Era sua chance de encontrar quem sabe não se sabe o quê. E de não saber o que se pode encontrar (principalmente quando se é fantasma), chega ao fim. Sim, a história. Começa ali, acaba aqui. Um barbante estendido sobre uma fogueira, que vai cedendo aos poucos, partindo suas fibras numa dança hipnótica e constante. Até que.

Foi bom pra você? Perguntou Deus a ele na mesa do bar àquela hora da manhã do dia seguinte ao fim da filmagem do que não é captado - ele. Making of pra sempre. Vida moderna, é o Grande Irmão em seu abraço receptivo: junte-se a nós e terás mais nós, essa é a mensagem que ninguém entendeu ainda. Só ele. Não Ele, só ele mesmo.

A vida é um doce que ninguém compra. Veio a primeira mosca, voou voou voou ao redor, p-o-u-s-o-u na pausa habitual e esfregou as patinhas miudicíssimas pensando agora é o momento de desfrutar. Coitada. Provou, não gostou, levantou voo novamente e desbaratada (numa clara traição involuntária à sua natureza) foi morrer em menos de 24 horas. Há uma obediência, percebe?

Quando a menina acordou no dia seguinte, ninguém a observava. Imaginou que com isso já estivesse melhor, que a febre teria passado e que a mãe o pai quem quer que seja estavam dormindo ou recompondo os ânimos gastos na noite difícil-anterior. Saiu da cama com os pés nus, os olhos semicerrados e nas pisadinhas leve sobre o chão frio ela foi andando assim: _ _ _ _ _ _ _ e chegou na sala. A cena que ali se apresentava era um verdadeiro teatro dos horrores. Que cena era? Só a menina viu a mosca morta virando fantasma do outro lado da rua através da janela aberta em manhã de Sábado (!) porque alguma coisa aconteceria sem aviso e, sem aviso, o mordomo veio da cozinha. Era o tal do fim do filme do. À Ele.



Brayan Carvalho

quinta-feira, 9 de julho de 2009

,eu,

Apêndices do sono: eu na frente do espelho, a manhã na frente da janela, branca e cega e leve e muda! Eu calado, ainda, por enquanto, apenas, passando uns poucos minutos sobrevivendo a um silêncio que nas ruas lá debaixo do prédio se perde em burburinho disléxico e absurdo, repleto de casos de ontem, de saudades de passados repetidos à conta gotas, nas veias do mundo, um anestésico firme para olhos trêmulos por cima dos ombros ossudos dos velhos largados em calçadas, empregos duvidodos de existências desistidas.

Olho para a barba espaçada no espelho, a certeza vem das mãos passantes leves como febres de dias recém vindos, está na hora de escanhoar o queixo para ser descente para as pessoas das ruas para as mulheres principalmente, para calar o silêncio no cochicho profundo e acanhado de crescido nas bocas dos bueiros de gente nas ruas, invasivas diárias de si, como ratos roendo por dentro os ratos.

Tremo com a lâmina perto dos lábios: ou mato a máscara largada de dias, ou morro da revolta da algoz beijando meu pescoço, fria e assassina, são opções e exageros. Coragem, deixo ser machado a mão lívida da idéia para vestir o capuz da praticidade. Luzes acesas, muito cirúrgicas e brancas nos ladrilhos do banheiro, sem mais exageros, a face escanhoa um pouco mais bruta que antes e penso em parar com medo de ver diferente o rosto há tempos largado à contagem do tempo natural de um rosto qualquer, sem muita seriedade ainda, sem nenhuma seriedade ainda. Ainda, nada demais, nunca demais.

Muito pouco tempo para ter mudado o abrigo dos olhos tristes, que me disseram que eu tinha pregado na cara de criança com ares de séria! Nada ainda, não mais que isso, mais talvez nunca, já mais que jamais tive: postura de olhar voltado para dentro em afogamento sem desespero!

Resolvi esperar, resignado e enganado, acontecer alguma coisa que mudasse: Muda de si mesmo nascendo nas barbas, nos cabelos, tornando o corpo inteiro uma coisa menos morredoura que a expressão de garoto cancelado pelos livros, mortos dissecados em minhas prateleiras!

Resvala do meu rosto um pouco de sangue, meu e da lâmina, agora mais corada e menos digna das musas doentias que imitava, e ela, num arroubo de mulher sem vícios de virtudes, beija-me envergonhada e corre-me no lábio o gosto do sangue do lábio que a boca não sentiria.

Estranho não saber do que /s/t/e pertence!


Eduardo Martins

Doze anos

Desde os doze anos, não gosto muito de mim! Foi meu ano iscariotes que, já sem calos por pairar com os pés ao ar, caminhou por martírio de mãos dadas com outros santos até meu dezessete e foi coroado imperador de si, muito temente a (D/d)e(u)(us)(le).

D,eu,s de meus doze anos, austero e firme e pai e hóstia, segurava a corda de meus 365 passos iscariotes, poeirentos, que fez deles areia no fim dos meus doze anos!

Minha idade paralítica era traidora de si em conquistas como é até hoje, e eu contava em terços a verdade barbuda e firme de ser um traidor sincero, não muito sensato, segurando os pés de D,eu,s para que não virassem areia.

Na areia há pegadas em mim até três terços completos e divinos sobre meus ombros, com o peso da glória.

Não se afirma retidão transbordada nas areias traidoras que beijam os destinos das águas que sobem aos céus quando estas se empoçam paradas, sem virar sangue de Nilo, sem tornar casa de sapo, bolha de pele, anjo divino caindo dos ares em busca de sangue do rio do Egito esquecido de manchar as portas dos homens discordantes e traidores, parados em sal puro, sal da terra da gente que pisa minhas costas do Egito, dos mares vermelhos do sangue do Egito.

Pela manhã (D)eu(s) era (D)eu(s) ainda e não sei se sou agora mais que areia olhando oratórios salgados, dos homens parados, nas cadeiras dos berros das palavras do centro da cidade que, na minha idade, ainda é o centro do mundo.

Ainda ampulheta pura, com certeza de cair areia atravessada em areia polida e brilhante, transparente eu messias de mim comigo fagocitado, impuro, ilógico, demonológico derramando seco de um lado para outro do meu sacro corpo.

Um dia caio fixo em queda livre do m(eu) D(eus) titânico em cima de mim pisado por mim, correndo do vidro de mim vencido, m(eu), vidro quebrado, seráfico, quebrado, dos olhos de D(eu)s...


(E)d(u)ardo Martins

Uma mulher

Uma mulher foi encontrada morta, mas já era morta antes, no induto das saias de parideira cancelada. Uma mulher apenas morreu e nisso reside o fato (fato é sempre pretérito, é fato, mesmo quando estende mãos firmes e amarelas para afanar os relógios de parede e declarar, bom saudoso passadista, que o tempo é dele nas bocas dos outros que contam pretéritos amarelados desconjurando o presente por fatos, todos adoram fatos!)

É verdade que era uma mulher apenas, ou menos, quando trepada a boca nua desgostosa nos bigodes nada sutis de um marido muito forte e distinto, e correto para ela e para outras mulheres afogadas nas poças das ruas recentes das dezoito horas, quase nuas em dívidas pagas pelos bigodes sorridentes e fixos.

Uma mulher foi encontrada morta, porque estava em casa, engarrafada, não como as 18 horas, alcóolicas e perfumadas, cheias de liberdades engradadas, evaporatórias para dentro das janelas das casas, sumidas para sempre.

Algumas pessoas choraram, depois flores e rezas, e orações e mais choros. Ele a amava tanto que resolveu, com certezas definitivas, que era melhor sofrer agora, enquanto era um homem forte e pagava suas dívidas com as esquinas das ruas no fim do emprego expediente de sempre, o dia da vida dele repetida sempre, sempre fato descontado dia a dia de seu bolso vazio de fim de mês onde, neste mês, estava uma faca! Todos adoram fatos, e este era um fato cortante, coeso demais, presente de casamento de uma velha senhora há muito tempo encontrada morta.

Eduardo Martins

Das Residências

Sair de casa e atravessar a rua e atravessando a rua entrar no carro. Objetivos diários. Ponteiro tic-tac-tic do relógio na parede do quarto vazio, ninguém dorme lá mas há um relógio. Cronometrando a inércia. A casa nunca acorda de verdade, a casa é o silêncio que se faz depois que um assunto acaba - e a vida é um assunto do qual não se argumenta. A vida é sair de casa e atravessar a rua e atravessando a rua entrar no carro. Aliás, este carro vive mais do que a casa. O nome já induz: este carro há de carregar pelo mundo afora. A casa morre na impotência de um animal invertebrado.

A pia da cozinha vive seca. O mármore desidratado vira cimento, chapisco de muro, arte bruta. Estala a geladeira e a estante na sala oscila. Tudo reverbera e a tinta das paredes escurece quinzenalmente, o ar não corre pelo corredor que liga os cômodos - tragicomicamente incômodos. A casa não pode atravessar a rua e atravessando a rua entrar num carro. A casa não vive, não sabe do mundo. Nunca verá o mar, nunca subirá uma ladeira, nunca sairá em fins de semana para trocar ideias num bar com os amigos. Amigos que existem, mas que ela não conhece. A casa está proibida de sair do quintal.

A casa nunca ouviu falar de casamento. Sorte a dela, pois implodiria muda de felicidade mórbida se soubesse. Casa que é casa não se casa. Perecer: parece que esse é o futuro dela. Nunca aparecer num telejornal, mesmo que seja passando no fundo da cena. Atravessar a rua e atravessando a rua entrar na casa: jamais! Ficará na espera eterna, de janelas fechadas e tic-tac-tic do relógio na parede do quarto vazio. Cronometrando a inércia.

Objetivos? Diários? Casas não podem.


Brayan Carvalho

Mas

nós não somos o que nascemos e a evolução depende dependurada na parede do fundo quebrada com janela pra fora da alma armada-e-apontada para o centro do espelho pois nossos pais e avós só apontam o mesmo ângulo do equilátero tornando tudo igualmente o mesmo plano de fundo artificial em tela de efeito imediato com doses homeopáticas de homo-sapiens-celibatus

é rudimentar meu caro Holmes a pedra-pomes e o pomo de Adão ah não de novo o ovo e a galinha ó frustração nas quatro rodas deste carro alegórico grande demais para a avenida e pequeno demais para a vida

o anel do retorno eterno volta revolta voltando Voltaire observando dizendo que escreve-nos uma longa carta por não ter tempo de a escrever breve

cabe neste bolso uma gota de sangue do pescoço da moça e antes que alguém se zangue vale a pena explicar por a+b a natureza dos seres da luz e daqueles que os olhos desviam da cruz por já sofrerem demais com a eternidade que não acaba assim como as cidades um dia serão soterradas e novos pés de novas sociedades assentarão suas águas paradas

tira-se como conclusão uma rima nada prima:
ser ou não ser ou ser o não?
eis a questão

overdose: this dose is over.


Brayan Carvalho

Alto!, falantes!

Olha, eu vou falar do fim do mundo mas não se espantem vocês porque inevitavelmente eu chegaria a este ponto. Vou falar do fim do mundo e vocês precisam me ouvir porque não se sabe quando é que teremos outro acontecimento deste, então desliguem-se-liguem-se agora e vamos todos dar as mãos e ouvir pacientes e concentrados A Voz Que Tudo Diz sair do mais profundo fundo do poço mais antigo de toda a história da humanidade.

(história apocalíptica é assim mesmo)
(tudo remete a uma megalomaníaca tensão)

Todos nós aqui agora juntos? Sim. Todos concentrados? ... Ótimo! Podemos começar? Uhm-hm! Chamo a atenção de todos vocês agora, e da mesma forma espero que vocês saibam chamar a atenção de outros alguéns próximos, de modo que possamos fazer aquela enorme corrente de corações em acordo voltados para um único ponto - tudo ao mesmo tempo, bem ao estilo Hollywood de viver a vida. Algum de vocês sabe tocar violino? Seria interessante uma música incidental agora.

Prestenção: como eu disse anteriormente, falarei do fim do mundo. Fim este que está próximo, oh sim, ele chegará tão logo as senhoras e os senhores pisquem os olhos. Não que piscar os olhos agora esteja proibido, piscar os olhos não representa um risco real de trazer o fim do mundo, vocês podem piscar os olhos à vontade, entendem? Foi apenas um modo de dizer... é metáfora o nome disso? Enfim, o fato é que fui escolhido para falar a todos sobre este evento de que se têm comentado há muito tempo e que, para a felicidade de muitos, está chegando. Eu sei, eu sei, demorou bastante mesmo. Dava para o mundo acabar de tanto que as especulações duraram.

Dizem que o mundo já veio ao mundo se acabando. A ciência diz o seguinte: é o seguinte: não sabemos. E, senhoras e senhores, se a ci-ên-cia não sabe explicar, então... olha, não sei explicar também não. Voltemos ao assunto anterior: fim do mundo vindo aí e junto com ele a primavera, estação das flores e da fertilidade, todo mundo se amando em meio aos aromas naturais, Woodstock e aquela coisa toda, bla bla bla. A recomendação que recebi - e que agora repasso aos aqui presentes - é: não fazer nada. Nada, nada mesmo. Sabem por quê? Porque é perigoso fazer alguma coisa. Afinal de contas estamos falando de um assunto sério, e assuntos sérios de verdade exigem dos envolvidos um alto nível de descompromisso - Darwin explica.

Estamos no fim - do discurso, não do mundo ainda. E como encerramento, gostaria de deixar nas mãos de todos vocês essa responsabilidade, que de tão mencionada e transferida a diferentes portadores já tornou-se facilmente suportável e consideravelmente menos responsável. Ou seja: é a importância de um cargo acima da prática que o envolve. Uma rara oportunidade, não é? Sei o quão importante isto pode se tornar perante ouvidos e olhos que nos coadjuvam nesta história (se é que me entendem), mas não se incomodem demais porque agir não é obrigatório e ouvir-e-ver é inevitável. Cabe a nós não permitir a morte deste ideal, desta relação tão bonita que estamos construindo com a civilização.

Um muito obrigado! Agora voltemos todos a nossas vidas comuns cheias de camadas multicoloridas e saibamos incorporar à elas os ensinamentos desta noite, d'A Voz Que Tudo Diz. Porque Deus ainda está no banheiro.


Brayan Carvalho

quarta-feira, 8 de julho de 2009

(De)fin(ir/ito)...

É como eu subo mais rápido à tona dos olhos, meus olhos e de todos os que mergulham nos meus olhos, e vejo debruçado nas pálpebras vazias que lá fora tem fim um precipício em meus pés, acima do chão maior que meus passos e os passos dos outros, estalados e orgânicos, misteriosamente iguais como crianças que não correm para os braços das mães.

Andei vendo que ancoro, em coro de sereias vazias, nos meus olhos, para não escorrer em lágrimas salgadas, sem medo de tubarões, fugidios amantes do branco das folhas perdidas no branco dos olhos, que cato sozinho e enxugo o corpo ainda nu da tona do mundo.

Escorro todo, pelas pontas dos olhos, lisos e nus, e vejo vazio que jorro vazio eu!

Definir: é isso: pílula de cinco minutos em linhas: pautas sozinhas: caladas perto das outras: frias: palavras sozinhas, mas: adverso semântico: de sempre ter sentido quente: o que escorre: corre de si: onomatopéia de eu: correndo por meus olhos:eu:


Eduardo Martins

terça-feira, 7 de julho de 2009

Saudades...

Um delírio estranho, você ontem, você, ontem, febril nos meus braços tímidos de não serem você também para serem únicos, corpo do seu corpo, sutis e invasivos, corrosivos de mim para que fosse, eu, diluído em você!

Eu, apenas, não sou nada eu apenas, de alma virada em sua alma, derramada em sua pele, arrepiando pela quentura macia, que eu derramado e perdido, escorrendo vencido, semi- morto-sempre-glorioso, simiesco semi-eu que eu sou sem seu vulto perdido em vestidos azuis de noite de antes de sempre ser noite azul as noites de ontem (mas sempre é tão passadoprevisto, certeza consumada com visto de adivinhação hipócrita da ciência)

Já vi o mundo, sem você, empalidecer em desmaio profundo de cair em mim pensando cair no mundo. Sorri perigoso, confirmado em crueldade azul dos seus vestidos forrando os céus da noite em um frio de minha alma derramada sob minha pele sem você!

Eu arrebentação de um mundo inteiro, muralha baixa, submersa, de ares reacionários, mas muito quieta e fatídica, arremate de orgulho estampado e pedregoso, mãos dadas com a inveja das pedras quanto aos navios mercantes de coisas sobre o mar mundo, mudo de outros mares de secura das coisas práticas.

Velejo ainda nas dobras descuidadas dos teus vestidos azuis que forram o céu e nunca me canso de ver tua pele nua com minha alma derramada, alma febril e fria, vadiando na tua pele almada de mim mesmo.

Não sei se pontuo o fim, sei que não posso nesse naufrágio, mas há pouco de crime em querer alongando-se para mais que os limites sem fim do sem fim sem limites,

Não, acabo sem previsões depois desta última certeza

Eduardo Martins

Cinemática (ir) regular

Há momentos em que não calo, eu que sempre calo sempre, uns comentários, muito sussurrados e casmurros, muito pouco ideológicos de vitórias certezas (em cavalgar pomposo das coisas velhas), mas ali, sem a elegância de calar-se, estão sem brados de revoltas salgadas de suor ou sussurros de loucos assassinos de outros assassinos de si.

São umas poucas palavras em sibilar profundamente fraco, puxando pelas mãos enluvadas outras palavras abissais e sentidas da luz, minha fala ao pé do meu ouvido.

Letargia da Palavra, primeira leitura, para matar de pontuar é este evangelho explicativo, que uso sempre desesperado para que ninguém me responda. E ninguém diz nada, oradores das altas horas olham para baixo, solenes e enojados pelas profundezas da razura das palavras combinadas, esquadrinhadas em parágrafos de esquadrões explicantes sem réplicas aceitas.

Se temo muito, olho no espelho, calado e verborrágico, lembro de ser pequeno e perguntar em agonia curiosa dos meninos medrosos o que há por dentro da gente, depois da pele, depois dos músculos e do esqueleto equilibrado. Será que dá para tirar a gente daqui de dentro com incisão cirúrgica genial? Chorava quando pensava que sim ou que não, mas agora não choro mais para não aguar a dúvida...

Não sei porque nunca perdi o equilíbrio e caí para fora de mim para ver como é estar fora de si, já que estou sempre fora dos outros, muito escafandrado para não invadir lugar que não se respira comum igual.

Letargia da palavra, segunda leitura, ninguém nunca duvidou da cinética morta da primeira (conclusões genéticas, com certeza) e jamais passei daqui...


Eduardo Martins

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Tempo está de...

Hoje percebi-me pouco matutino, amanheço parado, amanheço quando tudo já muito acordado fumega sol quente de tarde pré-vinda. Amanheço e manhã não é mais nada, acordada há tempo, entardece cedo e deixa de ser de si o ser nascida.

Mas, adverso de tudo, recortado por vírgulas de primeiros pensamentos, germino uma lembrança adulterada de madrugada estática por já ser o mundo inteiro e não precisar tomar mais nada em marcha definida repetida de outras marchas dos antigos generais escanhoados, aduncos, corretos, pais das fardas novas dos novos metódicos velhos.

Certezas são cetas de íngremes partituras de certezas, sobretudo definidas e sempre sobretudo!

Hoje percebi que as chuvas contém as madrugadas em fúria naciturna, de ventre frio de vento que nao traz, mas leva, mercador e profano das impurezas. Certo! São febres terçãs de pontos finais, duvidosos jogadores, que não respeitam estar no mesmo vento pai dos dias falecido deixando escorrer pelos braços esqueléticos a memória e as filhas em poucas lágrimas doces que mal caem, se repetem.

Tempo está de ser emplasto de ser eu por dias sem pai, reverentes de memória esquelética e arenosa dos embalsamados!

Eduardo Martins