domingo, 20 de setembro de 2009

Justi (ça) Fic(a/ativa(~)s

É que estas noites deixam meus olhos com ares de mar, com mares de ares marinheiros, perdidos inteiros neste sonhar de mares inteiros batendo a beira de mim, em beira de praia calada e cheia de sussurros destes fantasmas inseguros, tão próximos amantes do fim!

É que assim, de braços dados com eles, pego a braçadas as estradas mudas do mundo, em olhares fundos dos mares engolindo as estradas, os pecados de beira de rua, os segredos pescados das bocas deles para meus ouvidos: meus fantasmas, esquecidos, brotam tulipas azuis das bocas, flores que voam como moscas, que são palavras inaceitas, com gosto de sica, escorrendo feito agua de bica impune!

Aceito! Meu dedo aliançado com toda incerteza: uma grinalda de despesas despede-me das certezas vulgares que me afastam dos teus olhos, minha querida vida frívola! Prometo amar-te, não caber-te em sonetos, prometo porres perfeitos de belos luares de linho, com gosto de vinho derramado em mares...

Perco tudo - eu sou um arremedo quixotesco com dedos de pianista de teclas mudas- e não tenho nada mais que antes não tinha!: confesso-me, professo-me, prometo-me: sou de tal forma um arremedo que imito a mim mesmo para no fim, atirar a eso estes segredos de mim!

Lá fora sussurram umas verdades da boca dos outros, pelos quintais dos poucos homens que não tem nada mais do que têm de verdade: dialética poética da certeza! Por sobre a mesa, sirvo minha vida: prato frio sem requintes de ser quente!

Ainda me perco numa noite destas, ainda reconheço as brechas das gargantas dos meus fantasmas!!!


Eduardo Martins

sábado, 19 de setembro de 2009

Esmolas, minhas, esmolas...

À beira dos palcos umas luzes falam luxuosas como rainhas um linguajar muito arquétipo, um silêncio caótico, patético...Mas eu, muito longe, no muro alto na fronte do palco, sigo cego, ensurdeço as lâmpadas soltas pelas calçadas de gente passando esquecida de ser gente, detida, parada, rompida em beira de estrada de si, pedindo encarecida uma mão sobre a ferida de existir diferente das luzes coroadas, coronárias, abertas, sepulcárias...

Os sons secos saem sempre das bolsas soberbas, sem nada mais que um pouco: agradecimento prático de antes da chuva da tarde... Sorrio o gosto do pão quente e vazio entre os dentes, sentindo o sal do pão na calçada fria... Fim de dia, fim de tarde, eu uma pobre tempestade cancelada à luz do dia!

Alto de palco, máscara quebrada, mas de ouro, mais flores, ma(i)s nada: vitória compulsiva dos grandes artistas, rostos entre letras de revistas, rostos entre rostos das mulheres da platéia, aclamação ordinária das damas velhas, rolar pela boca das jovens línguas: declarações, aclamações: Salva de palmas, pelas ressalvas da máscara morta, salvem as palmas a artéria aorta dos palcos cegos, altos, sem ter tempestades...

Se me perguntam se eu tenho perdas, perdas não há quando haver não dá asas para tudo e embala em plumas as pobres brumas do nada...Quem leva as chuvas pelas as estradas são os ventos, são os ventos, são zéfiros detentos em antigas moradas...


Eduardo Martins

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Criacionismo

Deus criou o mundo em seis dias, depois olhou, cansou no sétimo, fingiu que era bom e bebeu um gole arquétipo do primeiro motivo vão: o homem, cidra da serpente! De repente, envenenado e incoerente, caiu arfante feito arcano gigante no chão serpenteando feito serpente em ano chinês!

Era o fim, era tarde, eram três horas da tarde e um Cristo covarde chorou ateu e são! São Cipriano, mago profano, abençoa este estigma de meu irmão de ciência, abençoa a indescência deste povo que, no mais, é irmão de Barrabás, é antraz das palavras, é sangue em estradas sagradas de Satanás (sangradas, além do mais, da coroa que faz chover a garoa de morrer sem pecados, sem humanos atos que te livrem de ser menos que mais)!

Vaga pela vela, fogo informe de Joana D'arc, doce arcanjo, faz crer que é uniforme o que na verdade te consome, mostra que a morte é obra-prima irmã do homem!

Eduardo Martins