sábado, 19 de setembro de 2009

Esmolas, minhas, esmolas...

À beira dos palcos umas luzes falam luxuosas como rainhas um linguajar muito arquétipo, um silêncio caótico, patético...Mas eu, muito longe, no muro alto na fronte do palco, sigo cego, ensurdeço as lâmpadas soltas pelas calçadas de gente passando esquecida de ser gente, detida, parada, rompida em beira de estrada de si, pedindo encarecida uma mão sobre a ferida de existir diferente das luzes coroadas, coronárias, abertas, sepulcárias...

Os sons secos saem sempre das bolsas soberbas, sem nada mais que um pouco: agradecimento prático de antes da chuva da tarde... Sorrio o gosto do pão quente e vazio entre os dentes, sentindo o sal do pão na calçada fria... Fim de dia, fim de tarde, eu uma pobre tempestade cancelada à luz do dia!

Alto de palco, máscara quebrada, mas de ouro, mais flores, ma(i)s nada: vitória compulsiva dos grandes artistas, rostos entre letras de revistas, rostos entre rostos das mulheres da platéia, aclamação ordinária das damas velhas, rolar pela boca das jovens línguas: declarações, aclamações: Salva de palmas, pelas ressalvas da máscara morta, salvem as palmas a artéria aorta dos palcos cegos, altos, sem ter tempestades...

Se me perguntam se eu tenho perdas, perdas não há quando haver não dá asas para tudo e embala em plumas as pobres brumas do nada...Quem leva as chuvas pelas as estradas são os ventos, são os ventos, são zéfiros detentos em antigas moradas...


Eduardo Martins

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