Olho pra você e me sinto como quem não sabe de si. Há um quê de esquecimento quando estamos frente a frente, um descontentamento repentino. Estamos separados pela Física, eu na obviedade que é meu fado e minha brisa e não tenho tantos segredos. Você mascara, dissumula, você adiciona camadas diferentes a diferentes situações. Compram, usam, cuidam de você, todos tão acostumados, todos tão atuais. Seu amor é nocivo que faz bem. Sua história é de repente.
Chegamos ao ponto em que preciso de você. E como tocar, como sentir segurança em sua boca? Por onde devo deixar o dedo deslizar em seu corpo pra que eu me sinta satisfeito? E me sentirei assim, afinal?, já que não sei as razões que lhe movem? Posso me alimentar das coisas que você me oferece sem temer a enganação? Você é uma pergunta centenária e vive em minha casa, a 5 metros de minha cama - eu que sou tão resposta, todo afirmação, tanto sim - esquentando pães, milhos, batatas, águas, minha cabeça. Por que de repente preciso? Bah, que impreciso, isso.
Tudo tão de repente me faz repentinamente a onda refletida nesse romance viniciano pós-moderno no qual eu sou a garota correndo a caminho do mar e você é o sol. Que não está lá. Mas queima. E o mundo que gira é o prato sob meus pés, recebendo e repelindo, recebendo e repelindo, recebendo e repelindo. Que lindo. Que mágico. Um forno. Você. Eu. Pra onde olhar quando você avisa que terminou? Abro a porta, projeto a mão adiante e não sei o que você pode fazer com ela. Peço licença como quem se ajoelha frente a um crucifixo. Mas não tenho respeito; tenho medo.
Brayan Carvalho
sábado, 10 de outubro de 2009
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