quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Catarse

Percebi-me sozinho no fim da rua, vendo o tempo correndo e você nua na vitrine do tempo! Há tempo ainda para ser eu mesmo, andando a esmo destro, ao mesmo desconexo tempo de mim mesmo sem nexo correndo nos ares do vento.

Por entre seus cabelos deita-me lento o vento nu do fim dos tempos de antes de eu estar dentro do vazio da rua, sabendo que você, nua, vadia os dias perdidos no tempo. Não me contento com o fim oligárquico das poesias antigas, nas nefastas feridas, dos versos de cárceres castos.

Os poetas velhos e gastos, que não cantam a cicatriz das feridas, mas só o sangue escorrendo de guerra perdida chorando nos braços das musas do velho Parnaso, não correm seus passos pelos rastros do futuro que segue marchando obscuro no silêncio dos tempos: Vanguarda do não ser nada mais que si mesmo prometido como ser que tornará a ser um póstumo tempo.

Por entre o mundo corro como uma rua vazia, não toca-me o dia, não sopra-me o mundo ou mesmo o fecundo traço da pena dos poetas mortos. Caio póstumo nas musas de vidro que tomam-me a mente nua deitada nas curvas do tempo.

Sou apenas penas do tempo apenas.

Eduardo Martins

Um comentário:

  1. Cara, eu gosto dessa desconstrução semântica toda aí! Dá um nó na leitura, te força a decodificar a palavra seguinte e vai dando vida às imagens de acordo com a combinação desses "signos" pelos quais caminham o texto.

    Acho que é isso o que eu quis dizer, hahaha!

    ResponderExcluir