sábado, 8 de agosto de 2009

Flanco!

Ao flanco esquerdo dedicaria uma flechada franca! É um presente sincero e mortal, mas é essencialmente um presente, flecha prometida, corrida, de apoio em meus próprios dedos fechados em ferida planejada para mim: solitário destino que eu já vi, agora em cena: encena, acena um sibilo de vento parado na ponta da flecha de cauda de pássaro que em madeira se aninha e se fecha!

Pesa concluir num dia: um dia ainda não concluo nada ainda sabendo que ele é todo um dia voando em entrada de conclusão. Um dia confundo-me em mim mesmo e perco-me do dia. Hoje, que concluí demais, perdi e ganhei muito com ar de homem sábio atrás de barbas de Barrabás das dúvidas, sem dívidas previstas, sem cristo executado! Um dia correu pelas ruas todas e perdeu-se em todas as minhas ruas, mas me encontrou e me disse quem era eu!

Quando concluo, como dizia, sei coisas que dizia sempre e por pouco desacreditei, mas penso que, se não acreditei, errei, e concluo tudo o que dizia! Concluir de verdade só presta para ser o que é quando puxa uma lágrima escondida que pinga aos poucos apenas para as conclusões, mas nunca se esgota (salgada e poliglota) pois são poucas as verdadeiras conclusões! Saber o fim é uma dor rompante em face arredia, antes redimia, hoje oprime o que esvazia o fato: o fim, se sabe, é sempre o mesmo ato que se dá sem fim!

Eu não sei mais nada se te vejo chorar: na tua face cai em gritos miúdos uma solidão que era só minha! Agora, uma flecha sozinha encerra-me o flanco no agora sem destino: destino, no mundo, só mata em ponta de lança em bonança de fé, fora do mundo não mata alguém (matar ninguém é sempre promessa explicada de falso assassino!)

Não consigo controlar uma comoção de me ver brotar nos seus olhos, um disparate sincero que não combina comigo, mas que sou eu! Quando soube que eu era eu, percebi que ser eu era ser apenas não outro que não fosse eu: obrigações que podam as asas das conclusões levem e pesam-lhe sinceridades: afunda-se tudo no fim de mim mesmo: transborda-me o flanco: concluir me deixa sempre muito sozinho comigo!

Eduardo Martins

3 comentários:

  1. Como escrever para um amigo de sorriso comovente?
    É muito difícil, para mim, tecer palavras bonitas em comunhão perfeita com meu pensamento.
    Sei como Anna Carolina, dizer que amei cada segundo de conclusão de sentimentos e verdades.
    E que minh’alma se irradia de tanta felicidade! Envolta em várias cores, todas elas gritam esperança, ainda que tardia, ainda que louca.
    Nunca foi tão bom amar meus amigos como hoje!
    Bem, sem mais meias palavras,
    Um abraço bem apertado com juras de amizade eterna , feitas, é claro, “ de mindinho”.

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  2. lembrou-me Mário Faustino... poeta que brinca com repetições de verbos... abraços

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  3. Mário Faustino... Não conheço!!!
    Vou procurar saber sopbre a obra dele!!!

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