segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ver...

Eu não cansei. Na verdade, a verdade é esta: pura, simples, modesta, recostada na parede da minha retina, mole, quase morta, constante, nuca retirada pelas próprias pernas nem pelos braços de outros. A verdade é velha, olha-me com bondade fraudada, mas não deixa de ser verdade, menos ainda de estar na minha retina desgastada de coisas de fora.

Não perco o gosto de vento das alturas de algum ato, comportamento perfeito, asa ilustrada por feito de olhar agudo, deixando mudo os olhares contrários. Se voo nos ares não deixo os olhares cortarem-me as asas de vento puro em muralhas!

Olho com olhos de mar do céu derramando meus olhos em chuvas que choro salgadas de mar de lágrimas de gente arrependida, de ave ferida em céu de mar úmido, salgado, molhando minhas asas com o sal proundo dos mares derramados: os ventos, desalmados, se perdem em exorcisados céus cheios de sal. Bem ou mal, a vida morta no céu conserva-se deitado na grosseria do sal que chove o mar que sorve o céu inteiro.

De escudo apostos, apostando em vitória, choro afogado em mim mesmo, caindo certeiro sobre a minha verdade! Morta, vela-se oposta aos ventos, sobre o veleiro rouco de minha voz ensaiando novos mares! Mares, lares de mim mesmo de mim vazios, do mundo cheios, não reino mares em ares não meus, escorro-me inteiro, sem leme e sem vela, arpoando as costelas dos mares de mim!

Eduardo Martins

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