quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Psicologia da Poligamia

Sono. O carinha, encerrado em seu quadrado quarto bicolor, mirava com uma voracidade mórbida a pilha de livros na cômoda. Inalando a solidão na própria mão agora em concha, tentava desvendar alguns poros: olhos da epiderme. E os livros, torreficados, palavra-rejunte-palavra, vivos seres limitados ao retângulo, reluzindo indo indo indo. Ficou decidido: estendeu a mão a um Sthendal e flap! flap! flap!, eis. Noite afora.

Na metade final entediou-se. Não do livro, mas de estar. Lentamente foi desamando, despindo as retinas frágeis e repudiando preguiçosamente a situação. Reempilhotou a amante. Obra. Cobiçou a mão novamente, vendo-se insone - além de ansioso aflito tudo. No meio do meio-dia, a mão em concha na cara carrancuda, chorou no portão. Copiosa, copiadamente. Pois assim fazia com as mulheres. Mas viu-se fêmea efêmera e não pôde se compadecer de si. Embora, soubesse-o-a.


Brayan Carvalho

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