Chegou tarde em casa, sem as chaves. Precisou arrombar a porta para entrar. Riu inseguro da ironia daquilo, pensou no que pensariam dele. Entrando - o ronco rijo e eterno da mãe - bebeu dois goles d'água direto da garrafa azul na geladeira e, sem acender qualquer lâmpada, pegou um disco dos Smiths. Saiu logo loguinho, deixando encostada a porta que à força abrira. A maçaneta, agora inútil e flácida, pendia tosca por ali.
No carro da Lu, beijos pop-art com um quê de melancolia. Play. 10Km/h, 45km/h, 80km/h. Pensou no que pensava que pensariam dele e riu, taquicárdico. Ela cantava junto, e alto. Ele ardia, como assim? O fato é que, hora depois, o carro sozinho - portas abertas sorvendo o abismo - cantarolava a marcha fúnebre das guitarras setentistas.
Brayan Carvalho
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário