quinta-feira, 9 de julho de 2009

Alto!, falantes!

Olha, eu vou falar do fim do mundo mas não se espantem vocês porque inevitavelmente eu chegaria a este ponto. Vou falar do fim do mundo e vocês precisam me ouvir porque não se sabe quando é que teremos outro acontecimento deste, então desliguem-se-liguem-se agora e vamos todos dar as mãos e ouvir pacientes e concentrados A Voz Que Tudo Diz sair do mais profundo fundo do poço mais antigo de toda a história da humanidade.

(história apocalíptica é assim mesmo)
(tudo remete a uma megalomaníaca tensão)

Todos nós aqui agora juntos? Sim. Todos concentrados? ... Ótimo! Podemos começar? Uhm-hm! Chamo a atenção de todos vocês agora, e da mesma forma espero que vocês saibam chamar a atenção de outros alguéns próximos, de modo que possamos fazer aquela enorme corrente de corações em acordo voltados para um único ponto - tudo ao mesmo tempo, bem ao estilo Hollywood de viver a vida. Algum de vocês sabe tocar violino? Seria interessante uma música incidental agora.

Prestenção: como eu disse anteriormente, falarei do fim do mundo. Fim este que está próximo, oh sim, ele chegará tão logo as senhoras e os senhores pisquem os olhos. Não que piscar os olhos agora esteja proibido, piscar os olhos não representa um risco real de trazer o fim do mundo, vocês podem piscar os olhos à vontade, entendem? Foi apenas um modo de dizer... é metáfora o nome disso? Enfim, o fato é que fui escolhido para falar a todos sobre este evento de que se têm comentado há muito tempo e que, para a felicidade de muitos, está chegando. Eu sei, eu sei, demorou bastante mesmo. Dava para o mundo acabar de tanto que as especulações duraram.

Dizem que o mundo já veio ao mundo se acabando. A ciência diz o seguinte: é o seguinte: não sabemos. E, senhoras e senhores, se a ci-ên-cia não sabe explicar, então... olha, não sei explicar também não. Voltemos ao assunto anterior: fim do mundo vindo aí e junto com ele a primavera, estação das flores e da fertilidade, todo mundo se amando em meio aos aromas naturais, Woodstock e aquela coisa toda, bla bla bla. A recomendação que recebi - e que agora repasso aos aqui presentes - é: não fazer nada. Nada, nada mesmo. Sabem por quê? Porque é perigoso fazer alguma coisa. Afinal de contas estamos falando de um assunto sério, e assuntos sérios de verdade exigem dos envolvidos um alto nível de descompromisso - Darwin explica.

Estamos no fim - do discurso, não do mundo ainda. E como encerramento, gostaria de deixar nas mãos de todos vocês essa responsabilidade, que de tão mencionada e transferida a diferentes portadores já tornou-se facilmente suportável e consideravelmente menos responsável. Ou seja: é a importância de um cargo acima da prática que o envolve. Uma rara oportunidade, não é? Sei o quão importante isto pode se tornar perante ouvidos e olhos que nos coadjuvam nesta história (se é que me entendem), mas não se incomodem demais porque agir não é obrigatório e ouvir-e-ver é inevitável. Cabe a nós não permitir a morte deste ideal, desta relação tão bonita que estamos construindo com a civilização.

Um muito obrigado! Agora voltemos todos a nossas vidas comuns cheias de camadas multicoloridas e saibamos incorporar à elas os ensinamentos desta noite, d'A Voz Que Tudo Diz. Porque Deus ainda está no banheiro.


Brayan Carvalho

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