quinta-feira, 9 de julho de 2009

Doze anos

Desde os doze anos, não gosto muito de mim! Foi meu ano iscariotes que, já sem calos por pairar com os pés ao ar, caminhou por martírio de mãos dadas com outros santos até meu dezessete e foi coroado imperador de si, muito temente a (D/d)e(u)(us)(le).

D,eu,s de meus doze anos, austero e firme e pai e hóstia, segurava a corda de meus 365 passos iscariotes, poeirentos, que fez deles areia no fim dos meus doze anos!

Minha idade paralítica era traidora de si em conquistas como é até hoje, e eu contava em terços a verdade barbuda e firme de ser um traidor sincero, não muito sensato, segurando os pés de D,eu,s para que não virassem areia.

Na areia há pegadas em mim até três terços completos e divinos sobre meus ombros, com o peso da glória.

Não se afirma retidão transbordada nas areias traidoras que beijam os destinos das águas que sobem aos céus quando estas se empoçam paradas, sem virar sangue de Nilo, sem tornar casa de sapo, bolha de pele, anjo divino caindo dos ares em busca de sangue do rio do Egito esquecido de manchar as portas dos homens discordantes e traidores, parados em sal puro, sal da terra da gente que pisa minhas costas do Egito, dos mares vermelhos do sangue do Egito.

Pela manhã (D)eu(s) era (D)eu(s) ainda e não sei se sou agora mais que areia olhando oratórios salgados, dos homens parados, nas cadeiras dos berros das palavras do centro da cidade que, na minha idade, ainda é o centro do mundo.

Ainda ampulheta pura, com certeza de cair areia atravessada em areia polida e brilhante, transparente eu messias de mim comigo fagocitado, impuro, ilógico, demonológico derramando seco de um lado para outro do meu sacro corpo.

Um dia caio fixo em queda livre do m(eu) D(eus) titânico em cima de mim pisado por mim, correndo do vidro de mim vencido, m(eu), vidro quebrado, seráfico, quebrado, dos olhos de D(eu)s...


(E)d(u)ardo Martins

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