terça-feira, 7 de julho de 2009

Cinemática (ir) regular

Há momentos em que não calo, eu que sempre calo sempre, uns comentários, muito sussurrados e casmurros, muito pouco ideológicos de vitórias certezas (em cavalgar pomposo das coisas velhas), mas ali, sem a elegância de calar-se, estão sem brados de revoltas salgadas de suor ou sussurros de loucos assassinos de outros assassinos de si.

São umas poucas palavras em sibilar profundamente fraco, puxando pelas mãos enluvadas outras palavras abissais e sentidas da luz, minha fala ao pé do meu ouvido.

Letargia da Palavra, primeira leitura, para matar de pontuar é este evangelho explicativo, que uso sempre desesperado para que ninguém me responda. E ninguém diz nada, oradores das altas horas olham para baixo, solenes e enojados pelas profundezas da razura das palavras combinadas, esquadrinhadas em parágrafos de esquadrões explicantes sem réplicas aceitas.

Se temo muito, olho no espelho, calado e verborrágico, lembro de ser pequeno e perguntar em agonia curiosa dos meninos medrosos o que há por dentro da gente, depois da pele, depois dos músculos e do esqueleto equilibrado. Será que dá para tirar a gente daqui de dentro com incisão cirúrgica genial? Chorava quando pensava que sim ou que não, mas agora não choro mais para não aguar a dúvida...

Não sei porque nunca perdi o equilíbrio e caí para fora de mim para ver como é estar fora de si, já que estou sempre fora dos outros, muito escafandrado para não invadir lugar que não se respira comum igual.

Letargia da palavra, segunda leitura, ninguém nunca duvidou da cinética morta da primeira (conclusões genéticas, com certeza) e jamais passei daqui...


Eduardo Martins

Um comentário:

  1. "Letargia da palavra..." Enquanto permitirmos que nossas palavras permaneçam sonolentas, seremos omissos frente à vida! Através da palavra ativa contribuiremos para a mudança do pensamento humano... Adorei! Parabéns! Beijos, Sílvia Mota.

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