sexta-feira, 10 de julho de 2009

Pernilongo

Nas quinas escuras dos bairros estão amarelas e trêmulas memórias escondidas dos homens das praças e esquinas, debruçados nos muros ou sentados nos bancos de cimento duro como os rostos dos homens fazendo cimento para vestir os muros das paredes do bairro, e prender lembranças, e esconder os carros, as antigas árvores, os prédios tombados por memória, eternos de glória tombada ao chão.



História: consoante muda, miúda e bem enfeitada por cortes de veludo europeu desarrumado por penilongos de mangues pútridos, esses nascedouros, dos vindouros futuros de esquinas de homens parados com caras fechadas por cimento duro, concretos e obscuros, no claro das paredes dos prédios caros, erguidos e solitários, vidrados em cimento duro do rosto dos homensdeumsódestinolargado.



Marcham metrificados em procissão de revolta, humanidade que volta sem ser menos roedor de extremos de si para ser menos roedor, e, depois, acalmam, dormem, abrandam, afanam heroicos um perdão contratado por um pouco de barulho.



A justiça é cega pelos dedos dos homens de pouca cegueira de ser o resto. As memórias sussurram nos cantos obscuros dos jornais de domingo do ano passado, nas represas de reprises, escondidas con cantos obscuros do nascedouro de (indi)gentes apoiados pelos muros bêbados, de pedra pura, sem arremate metódico de memórias deles.

Eduardo Martins

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