sexta-feira, 31 de julho de 2009

Voo quase eu...

Não se pode saber sentimento solto em voo revolto de asa consumada sem ar em escada dos dedos da gente, olhando penitente o risco do vento rasgando o céu: véu do mundo defunto! Ainda me caso com você, mundo dos outros, para ser pros outros um pouco mais de você!

Os dedos se abrem numa liberdade destraída de pedra caindo fatídica em asa de terra parada e, no alto do céu segue o véu das estradas do mundo onde asa é, no fundo, o fundo avesso do não ser asa, o raso rasgo de espada que corta o céu! Abissal sou eu que não vejo teus cabelos amanhecendo céu vermelho em bruma incoerente, fazendo minha alma alada de serpente umidecer-se de não ir e ficando em si: fria pedra de górgona espiã, gárgula vã de garganta parada vendo seu nome vazar por dentro de mim e encher-se de mim inteiro!

Quando você é mais minha, transbordo de você, e sem não vejo mais ser eu por entre meus dedos, debatendo as asas de palavra para sair e dizer querer em toda conjugação possível, em conjunção incrível do distante não ter! Então, o não me toma de assalto e, de mãos postas ao alto, resolvo não correr mais de minhas mãos!

Eduardo Martins

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