sábado, 11 de julho de 2009

Crônica do homem de repente

Num clique ele pediu "fique" e ela esticou os braços para além onde ninguém estava. Lava quente de vulcão era sua mão rente ao rosto dela, nunca aprendendo a ser o que se espera. Era fome de alma, longe do corpo, hirto na falsa calma de alguém que está além dos outros. Poucos segundos bastavam para ela, chuva de Cinderelas brancas como neve leves como pluma uma a uma caindo alegremente pois as fadas estão ausentes.

Afogando mágoas de águas passadas em montanhas que conheceram Maomé, ele ficou de pé e ali pensou em agir final-felizmente mostrando dentes amarelos pro mundo inteiro, que num segundo e meio o reconhecia como aquele que não sabia sorrir tampouco fazer. Verdade é que ele não conhecia nada além de tudo, e mudo só lhe restava indefinir-se como disse ela à sua frente parada entediada com o impasse não-passante.

Stop: estopim aceso.
Decisão de todos esses: hão.

Queria ele chorar mas não sabia o que fazer depois de a lágrima rolar e cristalina resplandecer descendo rosto afora indo embora da sua vida caindo finita tocando o chão oh não tragédia demais pra este pobre rapaz que só quer ficar com ela, sem prazo sem parcela, só quer estar com ela e fazer do repente uma constante. Chove sem aviso no meio da rua a amada nua fria num deslize cai sozinha sem ter quem a segure agora ele foi embora indeciso pensativo cabisbaixo reticente: o homem de repente.



Brayan Carvalho

2 comentários:

  1. Ótimo texto.
    Sou da comunidade da Clarice Lispector e vi o tópico que você criou pra divulgar o blog, achei legal aqui. Pode seguir ?

    Se puder e quiser seguir o meu depois, dá uma passada lá. Até mais!

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  2. Olá Rodolpho!
    Obrigado pelo comentário e pode seguir sim, sem dúvida! A respeito da divulgação, o link deste blog foi postado na comunidade Clarice Lispector pelo Eduardo, e não por mim!

    E fique certo de que passarei pelo seu blog também! Até mais!

    Brayan

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